Como interpretar um espermograma?

Publicado em 6 Outubro 2014|Última atualização em 2 Maio 2023|Procriação Medicamente Assistida.|

Quando um casal recorre a um especialista em procriação medicamente assistida, o primeiro passo é obter um diagnóstico preciso da sua fertilidade. Neste momento estão implicados os dois membros do casal, os testes médicos da mulher são tão importantes como os do homem. No caso do homem, o espermograma ou análise de esperma é o teste mais comum, razão pela qual é habitual querer saber como se lê um espermograma após obter os resultados.

Ajudamo-lo a entender um espermograma: É um teste médico que analisa a mobilidade do esperma antes de começar o tratamento de procriação medicamente assistida.

“O espermograma é um estudo básico de uma amostra de esperma obtida por ejaculação que ajuda na definição do potencial fértil do homem”, explica a Dra. Marta Trullenque, especialista da Clínica Eugin. “Trata-se de um exame que avalia a qualidade do esperma segundo valores de referência estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde no ano 2010”, acrescenta. A seguir, damos-lhe as chaves para interpretar os resultados dum espermograma corretamente.

1. Confirmação de resultados do espermograma

Em primeiro lugar, é necessário deixar claro que os resultados podem variar de um teste a outro. Por essa razão, aconselha-se a realizar uma segunda análise entre um a três meses depois da primeira. Desta maneira podem confirmar-se os resultados, quer sejam positivos, ou não.

2. Valores de referência num espermograma

Os valores detalhados no espermograma são os seguintes:

  • Volume: uma amostra obtida de uma ejaculação considera-se normal quando a quantidade de esperma é igual ou superior a 1,5 mililitros.
  • pH: mede a acidez ou alcalinidade da amostra e deverá ser igual ou superior a 7,2. As alterações podem indicar disfunções na próstata ou nas vesículas seminais.
  • Concentração espermática: é o número de espermatozoides por mililitro e espera-se que haja 15 milhões ou mais em cada mililitro.
  • Número total de espermatozoides: numa amostra normal há, pelo menos, 39 milhões de espermatozoides. Embora este valor deva ser estudado, a concentração espermática é muito mais significativa.
  • Motilidade: determina a mobilidade dos espermatozoides e classifica-os em três tipos:
    • de mobilidade progressiva: capazes de progredir no seu avanço e, por esse motivo, percorrer as trompas de Falópio até chegar ao óvulo
    • de mobilidade não progressiva: não progridem no seu avanço e mexem-se em círculos
    • imóveis: incapazes de se deslocar de qualquer maneira.

Conforme a OMS, o desejável é que, pelo menos, 32% dos espermatozoides apresentem uma mobilidade progressiva.

  • Vitalidade: assinala a percentagem de espermatozoides vivos na ejaculação, que deverá ser igual ou superior a 58%.
  • Leucócitos: uma amostra considerada normal não deverá conter mais de um milhão de leucócitos ou glóbulos brancos por mililitro. Um excesso pode ser indício de uma infeção.

Outros elementos que se têm em conta são a morfologia (pelo menos, 4% dos espermatozoides devem ter a forma considerada como normal), o aspeto (a amostra deve ser homogénea e de cor cinzenta-opalescente) e a viscosidade (se é muito elevada pode dificultar a mobilidade dos espermatozoides).

É importante recordar que, embora os resultados possam não ser plenamente satisfatórios, há possibilidades na mesma de atingir uma gravidez, no entanto, mais reduzidas. “E, ao contrário, um espermograma normal não garante a gravidez”, indica a Dra. Trullenque.

3. Patologias possíveis mostradas num espermograma

Em termos médicos, se os resultados da análise forem positivos, fala-se de normozoospermia. Quando há alterações significativas, podem-se encontrar casos de azoospermia (ausência de espermatozoides na ejaculação), oligozoospermia (concentração de espermatozoides inferior ao valor de referência), e necrozoospermia (quantidade de espermatozoides vivos inferior ao valor de referência).

A astenozoospermia merece um aparte por ser “a patologia mais frequente”, nas palavras da especialista da Eugin. Nestes casos, a mobilidade dos espermatozoides está abaixo dos valores standard, o que dificulta que possam chegar até ao óvulo e fecundá-lo.

Reprodução assistida: soluções face à azoospermia ou aspermia

Mesmo perante este tipo de disfunções mais severas, a reprodução assistida oferece tratamentos para atingir a gravidez com o esperma do companheiro, exceto nalgumas situações muito extremas de azoospermia ou aspermia. Quando realmente não é possível utilizar o seu esperma, tem sempre a opção de recorrer ao esperma de um dador para fecundar a mulher.

“Em qualquer caso —afirma a Dra. Trullenque—, a probabilidade de atingir a gravidez não depende exclusivamente dos resultados do espermograma, que amostra valores de referência não necessariamente definitivos”. Os registos médicos de ambos, a idade da mulher ou há quanto tempo tentam engravidar são fatores determinantes que completam o mapa da fertilidade de um casal.

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